Havia um homem...
que sonhava aprender a dançar a musica do mundo...
Mas todos o criticavam, todos abatiam seus sonhos de uma vida calma e sem sentido aos olhos do monstro social que existe nessa terra perigosa...
Todos olhavam para ele e riam... Todos olhavam e sentiam pena.... daquela criatura que só queria aprender o sentido da destruição mundial, o sentido de destruir sonhos para viver uma realidade cruel...
Aos poucos, ele foi entendendo o sentido de viver na realidade. Ele entendeu que o que ele deveria fazer, era tornar seus sonhos algo concreto, sem medo do que as pessoas pudessem dizer...
Ele viveu durante muito tempo, se frustrando com a atividade singular das pessoas, e acabou também se tornando singular, por não querer se meter no meio de pessoas que não pensam em como a vida pode ser diferente, em como pode ser mais doce e até mais claro, viver uma vida onde se faz coisas pelo tudo, e o tudo como algo necessario.
Sem se preocupar com roupas do corpo, e sim com sua pele, viveu apenas protegendo-a do frio, e nada mais. Viveu para sustentar a vida de uma paisagem, para ver o quão bom pode ser a musica em seus ouvidos...
Mas... ele se frustrou mais uma vez... viu que quanto mais vivia, mais via que as pessoas se tornavam fúteis, mais as pessoas acabavam decepcionando a si mesmas... ele não sabia o que fazer...
Por viver sonhando e tentando tornar seus sonhos uma realidade... foi julgado e jogado, dentro de um corredor, dentro de um mundo extremamente interior...
Ele não conceguia sair... ele via as paredes de madeira desse corredor, riscadas com bonitas frases, que ele mesmo tinha escrito. Reflexões passavam pela sua cabeça, mas quanto mais o homem pensava, mais ele percebia que o corredor ia ficando escuro.Até que num certo momento, o corredor chegou a uma escuridão onde já não dava para ver mais nada, além de paredes intermináveis... além de sonhos e poesias escritas em paredes apertadas...
O homem foi andando e as vezes correndo em busca do fim desse corredor, mas a unica coisa que via, era a continuidade das paredes.
Certa vez ele parou e olhou uma poça d'água que parecia ter surgido do nada... e viu seu reflexo humano e desgastado... sentiu naquela hora a saudade de campos verdes e o o bom som de uma grande música... sentiu também, para a sua surpresa, saudade de seres humanos, os causadores de suas frustrações... os causadores da destruição de seu mundo.
Ele sentia um ar úmido dentro daquele imenso corredor, sentia o cheiro que aparentava ser de lágrimas.
O homem estava muito cansado de viver preso dentro de algo tão horrivel... e então viu uma flor crescer daquele sujo chão, bem diante de seus olhos. A flor era linda... ele analisava-a como um ambicioso analisa uma pedra de diamante. Ele tocou na flor, e sentiu seu perfume... fechou os olhos e dormiu, como se sentisse que naquele momento ele pudesse descançar em paz...
Quando ele acordou, ele viu que havia algo mais naquele apertado ambiente... ele viu a sua frente uma gaita que tinha ganhado de seu tio, quando tinha apenas 12 anos de idade... e mais uma vez a cheirou, e tocou uma linda música, uma canção interminável... ele estava sentado naquele corredor escuro, sentindo que algo o abastecia de comida, mas não sabia como era possivel... ele de vez em quando até sentia o sabor de alimentos feitos por uma mulher que gerou sua existencia...
Ele tocava sua gaita e olhava para a flor. sua musica não ecoava... o corredor parecia ser cheio demais, mas a unica coisa que tinha, eram aquele duas coisas e ele... e para ele bastava....
Depois de pensar um pouco, ele percebeu que o corredor não ecoava por que sua cabeça não era vazia... e percebeu que aquele lugar era algo que existia no interior de sua mente.
houve um grande barulho... ele viu as paredes de madeira se quebrar a sua frente, e segurou sua gaita com força, cheirou a flor uma ultima vez.... e esperou que o corredor que se quebrava tão bruscamente perto dele, destruísse ele também... pois, ele ja havia recebido tudo o que ele mais gostava, uma paisagem, a musica, e a lembrança da vida humana....
Quando ele feixou os olhos e o chão sob seu corpo se foi, o homem sentiu que nada mais existia e então mergulhou em um sonho escuro....
Momentos depois ele acordou e viu a luz... ele viu pessoas vestidas com roupas estranhas... pessoas com planos de vida banal... pessoas que matavam para conceguir dinheiro e comprar uma boa roupa de marca....
pessoas que não tinham nada além de uma vida sustentada pela ignorancia... ouviu uma musica suja, que pareciam tiros vindo de fora da janela de onde olhava o mundo a fora... olhou para o interior de seu quarto... sentiu o cheiro horrivel de hospital misturado com fumaça que vinha do lado de fora... mas... ele não queria ser resgatado de seu corredor sujo, pois aquele corredor lhe deu tudo o que ele mais amava... e a vida fora de sua mente, tirava e matava tudo o que ele mais queria e conceguia....
O homem se viu na obrigação de voltar a escutar uma boa música, de sentir o bom cheiro de uma flor... e não queria a "liberdade" oferecida por essa falsa ideologia que chamam de viver... ele queria mais que concreto, mais que a sujeira levada da cidade para o campo, para as cachoeiras... ele queria entrar de novo em sua mente... mas não conceguia...
Foi quando ele falou para si mesmo... " olhe a vida o que se tornou... olhe o que ainda irá se tornar... e as pessoas tem medo da morte"....
O homem minutos antes de morrer, viu uma linda flor nascendo do chão, e o som de sua gaita finalmente ecoou em sua cabeça... ele sorriu uma ultima vez... e dormiu....
para sempre.
phelds.
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